sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Ah, primavera!

Eu costumo contar meu tempo de vida conforme as estações do ano. Me recordo da minha primeira primavera, onde os campos de flores ao meu redor me encantavam de tal forma, que nada me tirava atenção daquela beleza. Eu estava extasiada, e feliz.
Até chegar o Verão.
Não sou muito fã do calor, confesso. Porém, toda a minha energia era sugada por dois sóis, que brilhavam todas as vezes que miravam seus raios em minha direção. Eu sentia que ficaria queimada, mas não me importei. Eu ficaria marcada, mas em minha cabeça, acreditava que poderia me curar com o tempo, e todas essas marcas, com facilidade, sumiriam. Nem mesmo no mormaço, aqueles olhos de um castanho tão claro, tão intenso, deixavam de me marcar, de me transmitir calor, e coisas boas. E sensações boas. E emoções novas. A cada dia do verão eu era queimada. E para minha surpresa, eu gostava. 
Até chegar o Outono.
Folhas caiam em minha janela, laranja era a cor predominante em toda a região. Me sentia sortuda em ter um sol ao meu lado. Mesmo que não fosse sempre. Eu o sentia. Podia ver no espelho, minha bochechas rosadas, meus cabelos castanhos escuros, que costumavam ser pretos, minha pele morena, bronzeada. Eu via, eu o via. E sei que ao olhar para mim, ele se via. Eu me sentia sortuda, mesmo que a ventania da estação aparentasse o levar para longe, eu o sentia.
Até chegar o Inverno.
Eu não sentia nada, só frio.

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